quarta-feira, abril 11, 2007

(parênteses)

Todos os dias.

Olhares perdidos. Enrugados.
Mãos frias. Sem nada.
Engelhadas.

Todos os dias me encontro contigo por esses recantos.
Nos olhares vadios.
Nas mãos que procuram o meu conforto.

Todos os dias.
Encontro-te nos dedos que procuram a companhia de um estranho.
Nas palavras que parecem sufocar no conforto das casas velhas.
Nas vírgulas embargadas pela solidão dos olhares. E das mãos.

As mãos frias que apertam as minhas.
Para não deixar fugir o tempo.
Todos os dias.

O murmúrio das paredes.
As fotografias cinzentas.
As imagens desgastadas pelo tempo que passa por elas.

Todos os dias.

A minha saudade que parece querer trair-me.
Quando te encontro nas coisas simples.
Na solidão que parece pequenina.

Encontro-me contigo.
Nas mãos. Nos olhos.
Nas saudades.
Nas palavras.

Todos os dias.
Até um dia.